quarta-feira, 13 de abril de 2016

O novo perfil do profissional de comércio exterior

O novo perfil do profissional de comércio exterior

Ao longo dos 208 anos de história do comércio exterior brasileiro, os profissionais que militam nessa área sempre demonstraram perfil exclusivamente operacional, tendo como responsabilidade a emissão de documentos, controles de prazos e regimes aduaneiros especiais, além de relacionamento com despachantes aduaneiros, agentes de cargas e demais intervenientes da cadeia logística.

Essa característica essencialmente operacional resultou em uma nítida desvalorização dos profissionais que atuam na importação e exportação, inclusive em questão de remuneração e projeção de carreira.
No entanto, no início deste ano, foi publicada uma matéria no jornal “A Tribuna” ressaltando a valorização dos profissionais de comércio exterior e logística com o advento da crise que assombra o nosso País, com destaque à seguinte menção: “Nos cargos de gestão, há até a expectativa de aumento nas médias salariais, em índices que variam de 3% a 6,9%, percentuais generosos em tempos de recessão.”
Esse fenômeno é facilmente ilustrado, quando nos deparamos com o alto custo tributário e logístico que o País apresenta, bem como com a ampla burocracia na entrada e remessa de bens no Brasil, que nos faz perder competitividade quando comparados a exportadores e importadores localizados em países com estrutura adequada para a prática de comércio exterior.
Esta situação perpetra a necessidade das empresas instaladas no País a buscar alternativas que mitigam o impacto dos cenários tributário e logístico brasileiro no âmbito da competitividade internacional, por meio de implementação de alternativas que reduzem custos e garantem a conformidade das operações aduaneiras.

Em outras palavras, em tempos de crise, é inadmissível para uma empresa que atua no comércio exterior não usufruir de incentivos fiscais ou logísticos ou ainda, não ter a garantia de que os riscos de autuações aduaneiras estão devidamente controlados.


É comum nos depararmos com uma nova estrutura sendo estabelecida em grandes corporações. Além de um departamento operacional, normalmente com reporte à área logística, há o surgimento da área de “trade compliance”, representada por profissionais responsáveis pela implementação de soluções que resultem em redução de custos - como os programas Operador Econômico Autorizado (OEA) e Recof-Sped, recentemente instituídos pela Receita Federal do Brasil - além da garantia de conformidade aduaneira, por meio da implantação de processos formais para a correta classificação fiscal de mercadorias, determinação da base de cálculo de tributos, adoção de obrigações acessórias, dentre outras atividades.

Este é o novo papel do profissional de comércio exterior: garantir a conformidade das operações aduaneiras e permitir aos importadores e exportadores o máximo usufruto dos diversos mecanismos que reduzem a carga tributária e o custo logístico, por meio de um eficiente acompanhamento da dinâmica legislação aduaneira e domínio pleno dos temas pertinentes às áreas.
 Por fim, ressalta-se que um profissional com essas competências, além de vivenciar um momento de plena valorização, passa a fazer parte de uma área que cada vez recebe mais destaque dentro de uma corporação, sendo, em muitos casos, considerada como um pilar estratégico para a competitividade internacional.
Written by Daniel Maia
Publicado em Linkedin
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