Chega a quase US$ 9 bilhões a perda do 
Brasil com a queda nos preços internacionais de 19 dos principais 
produtos de exportação brasileiros – principalmente minério de ferro, 
produtos químicos, carnes e material de transporte.
Sem o forte impacto da crise econômica 
mundial sobre os preços dos produtos, o país teria registrado aumento – e
 não redução – no valor das exportações feitas entre janeiro e agosto, 
segundo constatou o Ministério do Desenvolvimento.
A secretária de Comércio Exterior, 
Tatiana Prazeres, diz que o governo espera que o recém-anunciado pacote 
de investimentos na China tenha reflexos positivos sobre os preços, e o 
desempenho exportador.
“É emblemático: a queda de preços de 
produtos como o minério de ferro está muito associada à crise 
econômica”, comentou Tatiana. “Do total que o Brasil deixou de exportar 
pela queda de preço, 61% foram por causa do minério de ferro”, disse a 
secretária, ao Valor.
Em 2012, de janeiro a agosto, as 
exportações de minério de ferro do Brasil foram 23% inferiores ao valor 
do mesmo período do ano passado, embora, em volume, a queda nas vendas 
tenha sido de menos de 3%.
Mesmo o milho, que teve recuperação nas 
cotações devido à seca nos Estados Unidos, ainda teve, nos primeiros 
oito meses de 2012, preços 3% abaixo da média do mesmo período de 2011.
Entre os produtos que tiveram maior 
queda na média de preços, quando comparados os patamares dos primeiros 
oito meses de 2011 e de 2012, estão o trigo (-17%), fumo (-9%) calçados 
(-8%), papel e celulose (-7%) e couros e peles (-7%).
Com a greve de servidores ligados à 
Receita Federal e à vigilância sanitária, que impediu embarques e 
desembarques e também provocou danos ao comércio exterior, o governo 
procurou um parâmetro para isolar e identificar fatores responsáveis 
pelos obstáculos externos ao melhor desempenho das vendas externas neste
 ano.
A queda de preço foi identificada como o
 melhor parâmetro, por não ser influenciada pelas greves no Brasil, 
embora, em alguns casos, possa responder a movimentos específicos de 
mercado.
A lista de produtos com maior perda em 
preço mostrou que foram mais afetados exatamente os produtos que 
refletem a queda na demanda mundial provocada pela crise.
Foram separados 35 grupos de produtos e 
os técnicos calcularam quanto teria sido o resultado se mercadorias com 
queda nos preços neste ano tivessem mantido os mesmos preços de 2011. 
Dos principais produtos da pauta de exportação, 19 estão com preços em 
queda.
Com base nos volumes exportados de 
janeiro a agosto de 2012, os técnicos calcularam que o Brasil teria 
obtido US$ 8,8 bilhões a mais, se esses preços permanecessem os mesmos 
de 2011.
Com esse acréscimo, as exportações de 
janeiro a agosto de 2012 teriam somado US$ 169,4 bilhões. A “perda” com a
 queda dos preços equivale a 5,5% de todas as exportações realizadas 
entre janeiro e agosto deste ano. “Sem essa ‘perda’, no lugar de uma 
queda de 3,7%, teríamos um aumento de 1,6% no total das exportações”, 
comparou Tatiana Prazeres.
As estatísticas mostram “espasmos” na 
entrada e saída de alguns produtos pelas alfândegas, o que, reconhecem 
os técnicos, é reflexo da retenção de mercadorias provocada pela greve 
dos funcionários.
As dificuldades no cenário externo não 
impedem, porém, que algumas mercadorias tenham aumento nas vendas, em 
volume e preço, como com o chamado complexo soja (grãos, farelo e óleo),
 que teve aumento de 5,6% no preço e 14% na quantidade vendia.
Os produtores anteciparam as exportações
 no primeiro semestre aproveitando os preços elevados pelas incertezas 
da produção nos EUA.
Algumas situações particulares, 
vinculadas a esforços do governo e do setor privado para a conquista de 
mercados, contrabalançaram os fatores negativos, como foi o caso da 
exportação de bovinos vivos, que aumentou 60% nos primeiros oito meses 
do ano, em comparação com igual período de 2011, e chegou a US$ 413 
milhões graças à elevação do preço em 14% e no volume exportado, em 40%.
Um único país explica esse resultado: a 
Venezuela, que incentiva a compra de gado no Brasil para abastecer o 
mercado local, antes dominado pelos fornecedores colombianos.
A recuperação das culturas brasileiras 
de algodão, com investimento em variedades de maior qualidade, permitiu 
que o país aumentasse em quase 150% o volume de vendas ao exterior, 
especialmente para países asiáticos como China, Indonésia e Coreia do 
Sul e registrasse um crescimento de quase 130% no total das exportações,
 apesar da queda no preço, de 7%.
O segundo principal item de exportação 
da pauta brasileira, o petróleo, teve alta nas cotações no começo do ano
 mas também teve preços abatidos pelo desânimo da economia mundial, com 
acúmulo de estoques do produto, nos últimos meses.
Ainda assim, os preços nos primeiros 
oito meses de 2012 estão 4,3% acima do patamar do mesmo período de 2011.
 Nesse caso, a queda nas exportações brasileira se deve à redução de 
volume, devido à diminuição da produção no país e o aumento do consumo.
Entre os produtos que tiveram aumento 
nos volumes embarcados devido ao aumento na produção brasileira ou à 
abertura de novos mercados, estão as carnes, que sofreram queda de mais 
de 5% nos preços, mas aumento de 3% nas vendas, devido principalmente ao
 fim de restrições sanitárias em alguns países.
As exportações de fumo, que somaram US$ 2
 bilhões de janeiro a agosto, tiveram aumento de 16% em valor, apesar da
 queda nos preços internacionais, de quase 9%. A explicação para o 
aumento da demanda está no esforço internacional, motivado pelo combate 
ao câncer, para reduzir as plantações da folha, que não foi acompanhado 
pelo Brasil.
Fonte: Valor Econômico, Por Sergio Leo
17 setembro  de  2012 às 12:33 pm
Publicado em Agencia1: http://agenciat1.com.br/?p=34806
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