Fiesp quer comércio em moeda local e Abimaq procura clientes na África.
Empresários
 brasileiros estão se mexendo para reverter a queda de 19,3% nas 
exportações para a Argentina no ano até a agosto em relação a igual 
período de 2011, depois que o país vizinho adotou em fevereiro medidas 
restritivas às compras externas para conter a crise cambial.
A Federação das Indústrias do Estado de 
São Paulo vai propor à Argentina o uso de moeda local no comércio entre 
os dois países. O mecanismo já foi aprovado pelos bancos centrais, mas 
falta ser implementado.
O diretor do Departamento de Relações 
Internacionais da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, diz que, na 
segunda quinzena do mês, o secretário do Comércio Interior da Argentina,
 Guillermo Moreno, e o ministro do Planejamento, Julio De Vido, virão ao
 País discutir a questão.
"Essa é a solução para a Argentina e 
para o Brasil. A Argentina vai poder comprar mais do Brasil sem gastar 
dólar e manter o fluxo de importação para abastecer o que é necessário 
ao país. E o Brasil vai pode vender mais", diz Giannetti. Na sua 
avaliação, essa é a saída para manter o dinamismo comercial com a 
Argentina, o principal comprador de produtos manufaturados brasileiros.
A indústria química também decidiu dar a
 volta por cima nas vendas para a Argentina. A Associação Brasileira da 
Indústria Química (Abiquim) acaba de concluir um estudo, que será 
enviado ao Ministério da Indústria e Comércio e ao Ministério das 
Relações Exteriores, mostrando que as exportações de produtos químicos 
para Argentina caíram 8,7% no primeiro semestre na comparação com o 
mesmo período de 2011. Enquanto isso, as vendas externas para o resto do
 mundo ficaram praticamente estáveis (0,8%).
Com base no prejuízo causado pelas 
restrições feitas pelo país vizinho, a Abiquim pede ao governo negocie 
com a Argentina a exclusão de Brasil, Uruguai, Paraguai e Venezuela da 
exigência de Declaração Juramentada Antecipada de Importação, afirma a 
diretora de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo. Em vigor desde
 fevereiro, a medida é a pedra no caminho das exportações para aquele 
país. "Também apoiamos o comércio em moeda local entre os dois países", 
diz a executiva.
Os fabricantes de implementos agrícolas 
optaram por conquistar novos mercados para contornar a dificuldades de 
exportar para a Argentina. "Estamos prospectando vendas para países 
africanos e já fechamos negócios", conta o diretor da Câmara Setorial de
 Implementos Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas Agrícolas 
(Abimaq), Francisco Matturo. Os países-alvo são África do Sul, Angola, 
Gana e Zimbábue. Ele diz que as vendas de implementos agrícolas para 
Argentina caíram mais de 50% este ano ante 2011.
Desvalorização. As exportações 
brasileiras patinam, apesar da desvalorização do real em relação ao 
dólar e dos estímulos fiscais e tributários dados pelo governo. A fraca 
demanda mundial é o pano de fundo da falta de reação nas exportações. 
Mas o baque mesmo nas vendas externas foi provocado pela Argentina, 
concordam especialistas em comércio exterior.
"Considero a Argentina como a principal 
fonte de problemas nas nossas exportações", afirma o economista chefe da
 LCA Consultores, Bráulio Borges. A opinião é compartilhada por 
Giannetti da Fonseca, da Fiesp.
"Há queda nos preços das commodities, 
como o minério da ferro importado pela China. Mas é localizada em duas 
ou três empresas. Onde a situação pega mais, do ponto de vista do 
emprego e da renda, é na Argentina que compra manufaturados."
Principal comprador de produtos 
industrializados nacionais, com 22% do total, as vendas do Brasil para a
 Argentina caíram neste ano numa velocidade muito superior que ao recuo 
registrado no total exportado pelo País. De janeiro a agosto, as 
exportações ao país vizinho somaram US$ 11,996 bilhões. A queda foi 
de19,3% em comparação a 2011. Esse recuo é quatro vezes maior que a 
retração do total das exportações brasileiras (4,9%).
"Quanto cresce o PIB dos nossos parceiros comerciais é muito mais importante do que a taxa de câmbio", diz Borges, da LCA.

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