Tratando-se de conquistar novos mercados e, independentemente do valor e diferenciação dos produtos ou serviços propostos, é difícil ter-se sucesso, na maioria dos casos, sem um enorme esforço no binómio preço e condições de venda.

Há sinais claros de persistência das dificuldades que o ambiente económico internacional vai acentuando as suas cores de cinzento. Vejamos as recentes previsões de Outono da Comissão Europeia para a Europa em 2013, um crescimento anémico de 0.1% para a zona euro, justamente para onde Portugal canaliza mais de 70% das suas exportações. Dir-se-á que em 2012 o crescimento deverá ainda ser mais fraco, em rigor, uma contracção de 0.1%, e nem por isso o crescimento das exportações nacionais deixou de se verificar. O problema é que que cada novo delta de crescimento custa marginalmente mais, em termos de penetração de mercados e das próprias condições internas de produção. Nos últimos anos assistiu-se, em muitas empresas, ao aproveitamento de capacidade instalada ociosa, decorrente da grande quebra no mercado interno que, tendencialmente, foi canalizada para o exterior a preços de combate, perante a alternativa de simplesmente não se vender.
Acresce que nem sempre se tem a percepção do que significa exportar para as empresas que antes operavam predominantemente no mercado nacional. Tratando-se de conquistar novos mercados e, independentemente do valor e diferenciação dos produtos ou serviços propostos, é difícil ter-se sucesso, na maioria dos casos, sem um enorme esforço no binómio preço e condições de venda. E ter aquele binómio competitivo, significa seguramente vendas com margens baixas e condições de venda, leia-se crédito, apelativas. Nestas condições e numa primeira vaga o efeito exportação não irá gerar grande rendibilidade, eventualmente mobilizará necessidades de tesouraria adicionais e potenciará o risco de crédito associado a mercados e clientes que se conhecem mal.
E num segundo momento, para os casos mais bem sucedidos de penetração externa, coloca-se a questão de se sustentar o crescimento com capacidade de investimento, nomeadamente visando ganhar competitividade acrescida que possibilite ao mesmo tempo melhorar margens e resultados. E essa necessidade de investimento choca com duas realidades difíceis de ultrapassar. Por um lado bons níveis de autofinanciamento que mitiguem a insuficências da capital fresco adicional e por outro disponibilidade de crédito ao investimento, que se sabe estar longe das prioridades da banca comercial. Pelo meio fica a possibilidade de reforço dos capitais próprios através de novos sócios/accionistas mas que esbarra na nossa dificuldade cultural de partilha de poder e, também, reconheça-se, na abertura do capital numa conjuntura de evidente depreciação do valor das empresas.
O apoio à diversificação de mercados, à subida na cadeia de valor e ao financiamento empresarial continuarão a ser, assim, necessidades imperiosas de uma política que atente na recuperação da economia.
António Gomes Mota, Professor na ISCTE Business School
Publicado no Jornal Economico
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