quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Primeira Navegação Astronómica Aérea

 
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Faz  91 anos no dia 22 de Março de 1921, que pela primeira vez, a bordo dum avião, se determinou sua posição (o ponto) por via dos astros. E fizeram-na portugueses.
Nesse dia levantou voo, do rio Tejo, o hidroavião “Felixtowe F.3” com quatro aviadores famosos; três portugueses, o Capitão de Mar e Guerra Gago Coutinho, o Capitão Tenente Sacadura Cabral e o 1º Tenente Ortins Betencourt e um françês o mecânico Robert Subiran.
Aquele hidro saiu da doca do Bom Sucesso, correu rio abaixo, e pelas 1025 levantou vôo iniciando a viagem rumo à Madeira onde amarou na baia do Funchal cerca da 1715.
A amaragem foi acidentada, tendo a nave capotado e inclinado perigosamente começando a afundar-se.
O tenente Ortins Betencourt, ou pela pronta decisão por ser o mais jovem, ou por melhor posicionamento, de pronto saiu da carlinga e trepou para o extremo da asa que se elevava perigosamente, fazendo retomar o equilíbrio do hidro evitando o seu possível afundamento e permitindo o salvamento dos companheiros de vôo pelas embarcações locais, que de pronto acorreram.
Foi nessa viagem que pela primeira  vez, em todo o Mundo, se utilizou um sextante -  com adaptação de horizonte artificial, um invento de Gago Coutinho – para determinar a posição dum avião em vôo. Nessa data a aviação comercial tentava cruzar os grandes oceanos.
A viagem Lisboa-Funchal constituiu o teste (incluindo a observação astronómica com o sextante de horizonte artificial) para a grande travessia aérea do Atlântico Sul efectuada em 1922, iniciada então num hidro mais pequeno, apenas com dois lugares, o “Lusitânia”. Foram sacrificados Ortins Bettencourt e Robert Subiran, pela utilização dum avião mais leve e onde o peso dos aviadores preteridos seria compensado com mais combustível, a permitir a mais longa viagem.
De notar que o sextante, introduzido na navegação astronómica marítima em 1757, substituindo o octante, que por sua vez colocara de lado, um século antes, o astrolábio, foi abandonado pela navegação aérea nos anos 70  – na TAP deixou de “voar” em 1974 – e na navegação marítima nos anos 90. Alguns navios ainda mantêm a bordo os sextantes “como relíquia” mas a actual navegação é totalmente electrónica, baseada no GPS,  deixando os astros “reservados” ao céu.
O “sextante aéreo” navegou pelos astros 50 anos. O “sextante marítimo” e seus antepassados navegaram 500 anos.
Talvez o evento, que hoje recordamos, nos pareça de há muito tempo, ou quiçá nos pareça ter sido ontem, mas….

Fonte: Revista da Marinha
http://www.revistademarinha.com/index.php?option=com_content&view=article&id=2283:a-primeira-navegacao-astronomica-aerea&catid=101:actualidade-nacional&Itemid=290

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