O navio oceanográfico Professor Wladimir Besnard foi, de 1967 até 2008, a principal embarcação civil brasileira usada em pesquisas – em 2008 ele sofreu um incêndio, que o fez parar de navegar. Mas, finalmente, o Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo comprou um navio maior, mais rápido e melhor equipado para substituí-lo: o Moana Wave, rebatizado de Alpha Crucis.
Fabricada em 1973, a embarcação foi adquirida dos Estados Unidos, onde foi reformada, e agora está a caminho do Brasil, onde chegou em maio. O Alpha Crucis deve aprimorar as pesquisas marinhas realizadas na costa do país, incluindo as feitas na zona do pré-sal. Pode-se acompanhar a viagem do Alpha Crucis por meio do software on-line Marine Traffic, que dá o itinerário de vários navios que estão navegando pelo mundo.
Estas são as principais características do Alpha Crucis. O navio tem 64 metros de comprimento, 11 metros de boca e 972 toneladas. Comporta 19 tripulantes e 20 pesquisadores. Foram instalados equipamentos que atendem às quatro grandes áreas da oceanografia: física, química, biologia e geologia. Além disso, o Alpha tem sistema de posicionamento dinâmico, que permite que ele se mantenha em uma posição no mar durante um longo período, coisa que o Besnard não conseguia fazer. A expectativa é utilizar o navio durante 200 dias por ano.
Com o objetivo é testar a operacionalidade do navio e dos equipamentos usados na coleta de dados, o navio oceanográfico Alpha-Crucis, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), partiu nesta quarta-feira (31/10) do porto de Santos para seu primeiro cruzeiro com bandeira brasileira. A embarcação seguirá para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, levando a bordo 19 tripulantes e 20 pesquisadores. O trabalho deve durar cinco dias. A primeira parada será em Ilhabela, ainda no litoral paulista, onde os técnicos pretendem calibrar o ecointegrador – instrumento acústico usado para medir a biomassa de organismos marinhos existente na coluna d’água. Ao chegar a Cabo Frio, os pesquisadores realizarão testes com garrafas de coleta d’água e instrumentos para medir a temperatura, a salinidade e a transparência da água. Além dos dados sobre a água do mar, os pesquisadores irão coletar amostras de sedimentos e de plâncton em diferentes profundidades: 100 metros, depois 200, 500, 1 mil, 2 mil e 3 mil metros. Posteriormente, os pesquisadores farão análises químicas e físicas das amostras coletadas.
A expedição, embora piloto, representa a retomada da pesquisa oceanográfica de ponta no país – estagnada desde 2008, quando o navio Professor W. Besnard, também do IO-USP, foi danificado por um incêndio. A expectativa da comunidade científica é que o Alpha-Crucis – adquirido por meio do Programa Equipamentos Multiusuários (EMU) da FAPESP – eleve a capacidade de pesquisas oceanográficas a um patamar inédito no Brasil.
Enquanto o Professor W. Besnard tinha autonomia de navegação de apenas15 dias, o Alpha-Crucis tem capacidade para navegar por 40 dias, o que possibilita a realização de estudos em oceano aberto e amplia os limites geográficos de pesquisa. Outras duas expedições estão previstas ainda em 2012 – estas já para a realização de pesquisas. A primeira terá a missão de lançar uma boia na região sul da costa brasileira. O equipamento ficará fixo no oceano, para fazer medidas de processos atmosféricos e oceanográficos. O segundo cruzeiro de pesquisa, partirá da costa rumo ao oceano profundo para fazer medições de corrente na margem continental. O navio – que tem 64 metros de comprimento por 11 de largura e pode deslocar até 972 toneladas – pertencia à Universidade do Havaí e tinha o nome Moana Wave. O custo total da embarcação foi de US$ 11 milhões.
Por Roberto Garini
MBA em gestão de qualidade na Chubo Sangyo Renmey - Nagoya Japan
Publicado em Agencia Fapesp
Nenhum comentário:
Postar um comentário