Tendências no Transporte |
Os
resultados dos portos brasileiros neste ano comprovam: a movimentação
por contêineres está crescendo. O Porto de Santos, por exemplo, atingiu
recorde nos primeiros cinco meses de 2012, aumentando em 10,2% esta
forma de transporte. O setor tende a crescer 7,4% ao ano entre 2012 e
2021. A expansão elevará o volume de contêineres a 14,7 milhões de TEUs
(unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) em 2021, 90% a
mais do que em 2011, quando o país movimentou 8,2 milhões de TEUs.
As
previsões fazem parte do estudo Portos 2021 - Avaliação de Demanda e
Capacidade do Segmento Portuário de Contêineres no Brasil, preparado
pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) sob encomenda da
Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público
(Abratec). Incorporado ao transporte de cargas brasileiro, o contêiner é
uma forma de agilizar os embarques e reduzir o custo de mão de obra,
principalmente para algumas mercadorias tradicionalmente levadas soltas
no navio.
Normalmente
usados para transportar produtos de alto valor agregado, os contêineres
passaram a servir também para o transporte de granéis. Açúcar, café,
celulose, produtos siderúrgicos, suco de laranja e fertilizantes são
alguns exemplos. Somente essa tendência pode aumentar os volumes
transportados em um milhão de TEUs por ano, diz o estudo do ILOS. Outro
dado do Porto de Santos revela a tendência: o açúcar ensacado, antes
transportado em navios convencionais, apresentou queda de 48% em 2012,
ao passo que o açúcar embarcado em contêiner cresceu 41%.
A
intenção do ILOS, ao apresentar um retrato do sistema portuário de
contêineres do País, é subsidiar o governo com dados isentos e técnicos
sobre a realidade do setor até 2021. Segundo a Abratec, as empresas
filiadas à entidade informam que dispõem de R$ 10,5 bilhões para
investir em expansão. Destes, R$ 4,5 bilhões serão empregados até 2016
em obras para áreas de atracação de embarcações e aumento de espaço
físico para os contêineres.
China domina a produção dos dispositivos
O
mercado de contêineres é basicamente comandado por Coreia do Sul e
China, explica o consultor de logística José Geraldo Vantine. “O Brasil
não possui preço competitivo para produzir. Atuamos apenas com reformas
nos terminais portuários”, afirma. “No passado, a Coreia foi dominando
de forma avassaladora outros países que produziam, depois a China entrou
forte e, como já há um comércio global estabelecido, não vale a pena.
Grandes países com forte comércio exterior como França, Inglaterra e
Canadá, também não produzem”, diz.
O
custo de um contêiner fica em torno de U$ 2 mil, e os principais donos
hoje são os próprios armadores. “Esse valor cobrado pelos chineses é
imbatível no mundo todo. A mão de obra chinesa é muito barata. Lá um
soldador trabalha de segunda a sábado, 12 horas por dia, com salários em
torno de U$ 50 ao mês. Os asiáticos ainda subsidiam o aço há anos
(inclusive o brasileiro)”, lembra Silvio Campos, presidente da Câmara
Brasileira de Contêineres, Transporte ferroviário e Multimodal (CBC).
De
acordo com Campos, a China, por ter o maior volume de exportações do
mundo, além de fabricar os contêineres, consegue atender à demanda
mundial com a vantagem de que ele já sai carregado do País, reduzindo
ainda mais o custo. A participação brasileira nas exportações por
contêineres ainda não é expressiva em função da nossa vocação para
utilizar grandes navios e cargas a granel. “O Brasil é um grande
exportador de commodities, que por suas características de grande volume
são mais facilmente transportadas a granel. Desta forma, a movimentação
de produtos manufaturados do Brasil ainda representa cerca de 5% da
movimentação mundial de contêineres”, conta Campos.
Fonte: Cartola Conteúdo via Portal Terra
Publicado em Transvias
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