sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Brasil tem 87 grupos de pesquisa em energia eólica

 


São 87 grupos de pesquisa nas universidade brasileiras e centros de pesquisa que trabalham com energia eólica, mas apenas 37% destes grupos desenvolvem algo em parceria com empresas. Este foi um dos principais resultados do primeiro levantamento feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos  (CGEE) a pedido da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), que está pronta para implantar uma rede nacional de PD&I na área.
“Vimos que nossos ventos têm condições ímpar,” disse a secretária executiva da Abeeólica, Élbia Melo “Agora temos que pensar em como produzir equipamentos adaptados às condições Brasileiras e treinar mão de obra”.


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Segundo Élbia, serão 11 fabricantes de turbinas eólicas instalados no Brasil até o final de 2012. Em 2009, quando começou o ciclo virtuoso do setor, eram dois – a alemã Wobben e a argentina Impsa. (O BNDES financia a aquisição dos equipamentos que tenham no mínimo 60% de nacionalização, participe da enquete sobre o tema aqui).



Dos 11, apenas um é brasileiro, a Weg que entrou neste mercado recentemente licenciando e nacionalizando uma tecnologia espanhola MTOI. Os outros são grandes players internacionais que precisam atender a critérios de nacionalização e adaptar seus a mecânica e montagem de seus aerogeradores àos ventos brasileiros.
“A turbina que produzimos já é adaptada aos ventos brasileiros mais suaves e constantes e não às rajadas dos ventos europeus”, disse Miliane de Andrade, gerente projetos da Weg.
Objetivo final da rede, informa Élbia, é ser competitivo já que o sistema de leilões proíbe preços altos – aliás um dos mais baratos do mundo – e as regras implementadas pelo governo dão prioridade para quem pode mais rapidamente atender aos requisitos dos desenvolvedores dos parques.
Para isso é preciso de pesquisa e desenvolvimento nacional, afirmou Élbia.
Salinidade, temperaturas médias elevadas, regimes de ventos de constância, taxas de eficiência mais altas, exposição a areia etc são diferenças encontradas nas cerca de mil turbinas já instaladas no Brasil. Ao total são 2GW de capacidade eólica nacional instalada e mais uns 4,7GW até final de 2015.

PRIMEIRAS PESQUISAS
A rede de pesquisa pensada pela Abeeólica, agora entra em estágio de captação de recursos para ser montada. Existirá uma plataforma on-line para permitir os diferentes grupos de pesquisa trocarem informações uns com os outros, com os fabricantes e com o setor público.
“Vamos pensar em projetos estruturantes, para todo o setor; projetos bilaterais e projetos para a cadeia como um todo”, disse Élbia.
Os primeiros convênios já foram firmados para a rede com a Coppe da UFRJ, o instituto de pesquisa privado no Rio Grande Do Norte Cerne, O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS) e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte.
Três projetos de pesquisa já estão sendo desenvolvidos: a padronização dos equipamentos brasileiros; a busca de aumento de competitividade da fonte eólica nos diferentes mercados e o planejamento da expansão da fonte.
Segundo o levantamento da CGEE, as pequisas já desenvolvidas no Brasil focam mais nas conexões e integração dos aerogeradores nas redes eólicas, mas os desequilíbrios são muitos. O estudo mostrou que o investimento em P,D&I são insignificativos comparado aos investimentos feitos em energia eólica que somaram R$25 bilhões desde 2004. Além disso, enquanto a maioria do centros e grupos de pesquisa estão localizados na região sudeste (70%), a maioria dos parques estão no nordeste e sul do país.
Ainda segundo o levantamento do CGEE, das oito áreas pesquisa, quase todas têm baixa maturidade nos focos prioritários.

A REDE JÁ NASCE NO BRASIL
Enquanto isso, as empresas se mobilizam para disputar mercado e aumentar suas redes de fornecedores. A Wobben, por exemplo, conta com mais de 1500 fornecedores no Brasil. A Indiana Suzlon, que luta para se adequar às regras complexas de nacionalização, está em conversa com universidades para desenvolver pesquisa aqui, informou o presidente empresa no Brasil, Arthur Lavieri.
A Impsa, com financiamento da Finep, está investindo num R$126 milhões em um centro de pesquisa de energia eólica no estado do Pernambuco. Segundo Emílio Guiñazú, o centro já está fazendo testes de novas turbinas piloto.
Uma outra empresa que anunciou investimentos em pesquisa e desenvolvimento em energia renováveis no Brasil foi a americana GE, que está construindo um centro de pesquisa no Rio de Janeiro.
No Rio Grande do Sul, onde se encontra 39% dos parques instalados no país, o governo estadual está ativamente buscando investimentos do setor.
“Por meio da Fiergs, estamos juntando pequenos empresários do setor de metalmecânica em reuniões nas quais dissecamos uma aerogerador para eles verem o que podem fornecer”, disse Marco Franceschi, diretor de infraestrutura e energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção de Investimento.
Segundo Franceschi, o governo quer atrair fornecedores de porte para o estado – a maioria dos estrangeiros se instalaram no nordeste – e por isso está em tratativas com os centro tecnológicos das universidades PUC-RS, a Unisinos e perque tecnológico Valetec para desenvolverem e oferecerem projetos de pesquisa e desenvolvimento.
“O Rio Grande do Sul entrou no mercado tarde”, disse Franceschi. “Mas sabemos que temos que tropicalizar os aerogeradores, juntos com os três centros de tecnológicos vamos fazer um cadeia”.
Por enquanto, o estado conseguiu atrair investimento da Impsa, que recentemente anunciou investimentos em uma segunda fábrica de aerogeradores no estado.


Referência (ABNT):

Spatuzza A. Brasil tem 87 grupos de pesquisa em energia eólica, 8 set. 2012. Disponível em: <http://revistasustentabilidade.com.br/brasil-tem-87-grupos-de-pesquisa-em-energia-eolica/>. Acesso em: 19 out. 2012.

Publicado na Revista Sustentabilidade





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