Pescadores e familiares de doze comunidades participam de oficinas de arte coordenadas por uma equipe multidisciplinar que envolve áreas como biologia marinha, antropologia e artes plásticas.
Ao todo, os profissionais da Appa e da DTA Engenharia, empresa responsável pela dragagem, se reúnem em quatro locais. As primeiras comunidades que receberam a oficina foram as de pescadores da Ilha dos Valadares, Vila Guarani e Beira-rio. A atividade foi realizada em um clube recreativo, na Ilha dos Valadares. Na última quarta-feira, a reunião foi na Ilha do Mel, com as comunidades da Ponta Oeste, Brasília e Encantadas.
De acordo a bióloga marinha, Lígia Módolo Pinto, responsável pelo Plano de Comunicação Social da Dragagem, o Programa de Educação Ambiental é uma exigência dos órgãos ambientais. “Então, tivemos que desenvolver uma ativida-de que se encaixasse nesse período curto de tempo – apenas quatro meses – que a comunidade pudesse trabalhar com as próprias mãos e, além disso, ter espaço para as reivindicações. Foi assim que chegamos até essa atividade: a oficina de artes. Pela arte as pessoas se soltam e interagem melhor”, afirma.
ARTE
A oficina começou com uma interação entre as pessoas. Tecendo uma rede com barbantes, eles foram se apresentando. Esta é apenas uma introdução para a atividade principal. O produto da oficina, desenvolvido pela comunidade, foi um mapa. Este é riscado e pintado em tecido, pelos próprios pescadores. Além de uma obra de arte, é um instrumento de reivindicação. “Nesse mapa, a comunidade colocou o que falta, o que desejam para o meio ambiente em que vivem e trabalham”, explica Lígia.A atividade foi coordenada pela artista plástica paulista, Sylvia Helena Boock de Freitas. “Esta é apenas uma das fases do programa. Esse encontro tem o senso do resgate do humano que existe nessas pessoas que, além de pescadores, são seres sociais. A arte sensibiliza e trata da importância de se cuidar – cuidar de si e do meio ambiente”, explica a artista.
As tintas foram feitas durante a oficina com terra, carvão, folhas, espinafre, beterraba e produtos industriais corriqueiros como pó xadrez (usado, entre outros fins, para pintar os barcos), detergente e outros. “Atividades como essa são as melhores. Alguns podem até se aborrecer mas quem fica, com certeza gosta. E vão contar para os outros o que significa mais público para os próximos encontros”, comenta Braz Miranda Teodoro, 75, liderança dos pescadores da comunidade Beira-rio.
“É importante porque a gente convive com outras pessoas que, geralmente, encontramos na pesca, mas nunca tivemos oportunidade de conversar. Tem gente aqui que nunca participou de uma oficina na vida”, completa Diarone das Neves, 48, liderança dos pescadores da Ilha dos Valadares. Os mapas produzidos ficarão com as comunidades – como um instrumento de reivindicação organizado. O registro fotográfico da obra irá compor um diagnóstico ambiental que ficará na Appa e com o órgão ambiental.
COMUNIDADES
Na quinta-feira, foi em Piaçaguera, com as comunidades de lá e da Eufrasina, Amparo e São Miguel. Na sexta-feira, o encontro aconteceu no Ponto de Embarque com a comunidade de Pontal, Maciel e colônia dos Pescadores de Paranaguá. (Asscom Appa).Publicado no site Progresso
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