Há oportunidade de venda de frango para Ásia e Oceania
Quais países o Paraná está ignorando?
Estudo da ApexBrasil traça perfil do comércio
exterior do estado e aponta Peru, Alemanha e Japão como parceiros pouco
explorados pelos paranaenses
Em que
países os produtos do Paraná ainda não chegaram ou estão pouco presentes? É
esta pergunta que um estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (ApexBrasil) procura responder. A pesquisa, que levantou a
evolução do comércio internacional do estado nos últimos anos e analisou as
demandas mundiais, aponta quais destinos têm maior potencial de crescimento
para a pauta de exportação paranaense. O estudo indica não só países já
atendidos e com potencial para “aumentar as encomendas paranaenses” – como
China e Japão –, mas também regiões pouco exploradas e que, sabidamente,
apresentam demanda pelo que é feito aqui.
O Peru,
por exemplo, é o terceiro maior mercado mundial para o óleo de soja, mas ainda
não compra do Brasil. A Alemanha, um dos maiores processadores e geradores de
divisas do café no mundo, importa apenas 5,7% do produto do Brasil. Compra
também a carne de frango brasileira, mas apenas 10,4% da sua demanda – a maior
parte vem da Holanda (46,1%). Na Ásia, o Japão, bem atendido pelo frango
brasileiro, que atende mais de 90% da sua demanda por esse tipo de carne, é
considerado um dos maiores mercados mundiais para madeira compensada, mas ainda
não importa nada daqui (saiba quais são os três maiores mercados para cada um
dos principais produtos paranaenses no gráfico desta página).
Oportunidades
Frango
paranaense busca China, Índia e Indonésia
Atualmente,
países da África e do Oriente Médio, seguidos dos da Ásia, são os principais
destinos da carne de frango paranaense. Pelo estudo da ApexBrasil, no entanto,
há mais oportunidades lá fora. Além do reforço de mercados já consolidados,
como o da Arábia Saudita, a agência identificou oportunidades também em outros
países da Ásia e da Oceania, além da Europa.
O
presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, diz que
o setor “pensa” alinhado com o que mostra o estudo da ApexBrasil e que existe
hoje um esforço dobrado, tanto na busca por novos mercados como na manutenção
da abertura brasileira nos ditos destinos “hiperatendidos”. “Nosso trabalho em
relação à Arábia Saudita, ao Japão e a Honk Kong é de manter a abertura atual,
que já é grande para o frango brasileiro. Também já começamos um trabalho de
prospecção na China e na Índia”. Ele conta também, que a entidade já está de
olho em novos mercados, como a Malásia, a Indonésia e o Paquistão. “São
mercados que estamos olhando com muita intensidade. No caso da Indonésia,
estamos organizando a vinda de um grupo de empresários do país para cá, para
eles conhecerem nosso trabalho”. (FZM)
Serviço
No site www.apexbrasil.com.br,
clicando no link Produtos da ApexBrasil e depois em Informação, você encontrará
os caminhos para os diferentes estudos da entidade, entre eles os perfis dos
estados brasileiros.
Quadro
atual
As
oportunidades são identificadas a partir de um diagnóstico que usou como base
dados 2010. De maneira geral, o estado exporta hoje principalmente produtos
primários – como soja em grão – e intensivos em recursos naturais – como açúcar
e farelo de soja. Os produtos com maior participação na pauta paranaense de
exportações são a soja em grão, a carne de frango e os automóveis.
No
ranking dos principais destinos, a China passou de quarto colocado, em 2005,
para primeiro em 2010, principalmente em produtos primários. Em direção oposta,
houve redução do valor exportado para os Estados Unidos, que passaram da
primeira posição para a quinta no mesmo período, e hoje são o maior concorrente
do Brasil nas exportações para a Ásia e a Europa.
Mãos à
obra
Para o
coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da ApexBrasil,
departamento responsável pelo estudo, Marcos Tadeu Caputi Lélis, os dados
servem de estímulo para o despertar de novos horizontes para o governo e as
empresas brasileiras. Isso não significa, porém, que basta colocar o documento
debaixo do braço e sair mundo afora para conseguir novos negócios. “A primeira
recomendação, para as empresas que ainda não exportam ou mesmo começaram com a
atividade há pouco tempo, é começar com mercados mais próximos, como os países
da América do Sul. Isso ajudará na obtenção do entendimento sobre as atividades
do comércio exterior e também na construção de uma credibilidade como fator
importante para galgar novos mercados depois”.
Exportação pede mais valor agregado e equilíbrio de
divisas
Ainda que
a pesquisa da ApexBrasil aponte os caminhos possíveis para os diversos produtos
paranaenses, o chefe do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do
Paraná (Fiep), Maurílio Schimidt, lembra que é importante combinar as
oportunidades com o potencial de desenvolvimento tecnológico do estado. “Não
basta exportar por exportar, é preciso agregar valor para não enviar para fora,
junto com nossos produtos, nossos empregos de maior renda e nossas chances de
desenvolvimento”, adverte. Para ele, o desempenho da balança comercial do
Paraná e os produtos que predominam na pauta do estado demonstram o quanto o
país está perdendo em desenvolvimento tecnológico e produtos de maior valor
agregado.
“Em 1996,
antes da implementação da Lei Kandir, que acabou com a incidência do ICMS sobre
os produtos destinados à exportação, o Paraná mandava para fora 1,5 milhão de
toneladas de soja. Dois anos depois, essa quantidade saltou para 5 bilhões de
toneladas, sem que a produção acompanhasse o mesmo ritmo.”
Mais
recentemente, o pesquisador aponta uma intensificação da tendência exportadora
de produtos básicos. “Há alguns anos, os manufaturados representavam 57,31% da
pauta paranaense, em 2011 houve um declínio para 38,20%. Em contrapartida, os
produtos básicos elevaram a participação relativa de 29,30% para 45,72%.
Evidentemente, os chineses estão felizes da vida.”
Além da
soja, Schimidt adverte que mesmo entre os produtos manufaturados há
desequilíbrio de divisas de comércio exterior. “Embora o gênero de materiais de
transporte, que inclui carros, caminhões, autopeças etc, seja uma dos mais
importantes na pauta de exportações do Paraná, com US$ 1,260 bilhões até agosto
de 2012 em mercadoria enviadas ao exterior, ele também é responsável pela
importação de US$ 2,630 bilhões no mesmo período. Ou seja, é um gênero
consumidor de divisas, com acúmulo negativo de US$ 1,370 bilhão. Isso ocorre
porque o setor industrial nacional desse gênero precisa incorporar um conteúdo
tecnológico que vem de fora”. Buscar mercados mais sofisticados, como Estados
Unidos e Europa, antes de resolver essa equação desequilibraria ainda mais as
divisas do setor.
Por outro
lado, entre os principais produtos da pauta do estado com potencial mais aflorado
para agregar valor e se industrializar mais, Schimidt aponta os segmentos de
papel e celulose, de açúcar e preparação alimentícia. “No último caso, por
exemplo, temos técnicas de conservação originais – a França, por exemplo,
aceita muito bem os nossos produtos pré-cozidos e embalados a vácuo –
combinadas a uma capacidade enorme de produção da matéria prima, o alimento”.
Publicado no Site da Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário