O limão siciliano é o culpado do momento em novo impasse nas exportações de carne suína brasileira para a Argentina.
O
limão siciliano é o culpado do momento em novo impasse nas exportações
de carne suína brasileira para a Argentina. O governo argentino voltou a
suspender a emissão de declarações juradas de antecipação de importação
(DJAI), documento criado em fevereiro que, na prática, significa uma
autorização caso a caso para as compras do país no exterior. O problema
será discutido entre técnicos dos dois governos no dia 8, em São Paulo.
Do lado brasileiro deverá participar da reunião a secretária de Comércio
Exterior, Tatiana Prazeres. Pela Argentina, estará a secretária de
Comércio Exterior, Beatriz Paglieri, ou o secretário de Comércio
Interior, Guillermo Moreno.
Em outubro, a venda de carne suína do
Brasil para a Argentina foi de 2.370 toneladas (US$ 8,1 milhões), piso
desde junho, e só se manteve nesse patamar porque os importadores ainda
estão utilizando DJAIs emitidas em julho e agosto. Em setembro, foram
3.269 toneladas.
No governo brasileiro, a expectativa é
que a partir de novembro as exportações se reduzam a ponto de voltar a
afetar o abastecimento interno na Argentina. O país atende apenas 80% de
seu consumo aparente de 360 mil toneladas e o Brasil é a origem de 85%
das importações.
"Só as indústrias brasileiras instaladas
na Argentina conseguem licença para importar do Brasil, porque também
são exportadoras. Os exportadores de menor porte, sobretudo no Rio
Grande do Sul, não conseguem fechar novas remessas", disse Pedro de
Camargo Neto, diretor executivo da Abipecs, que reúne os exportadores
brasileiros da área.
Segundo integrantes do governo
brasileiro, o secretário de Comércio Interior da Argentina, Guillermo
Moreno, teria alegado a importadores que o Brasil descumpriu promessa
feita em junho de voltar a permitir a entrada de limões sicilianos no
Brasil. O limão siciliano é produzido em uma única Província da
Argentina, Tucuman, e é pouco consumido no Brasil. Em 2011, a Argentina
vendeu US$ 17 milhões em limão para o mercado brasileiro. Neste ano,
nada.
Mas os próprios negociadores brasileiros
suspeitam que a defesa das exportações argentinas de limão seja um
pretexto. A razão é a pouca relevância do negócio. A venda de cítricos
argentinos ao Brasil em 2011 é dez vezes inferior ao que o mercado
brasileiro adquiriu em peras e maçãs da Argentina apenas este ano.
No início de outubro, o ministro
brasileiro da Agricultura, Mendes Ribeiro, se reuniu com o embaixador
argentino em Brasília, Luis Maria Kreckler, para anunciar um acordo para
destravar o comércio. Nele, o Brasil se comprometeu a revogar portarias
que afetavam o comércio de peras e maçãs e acelerar as análises
técnicas para a reabertura do mercado de cítricos aos argentinos.
O comércio já esteve travado de
fevereiro a junho, e chegou a se resumir a 94 toneladas vendidas em
maio. Os problemas com a carne suína brasileira voltaram em setembro,
com a resistência do Brasil em abrir o mercado a crustáceos argentinos.
Fonte: Valor Econômico(05/11/2012)
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