segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Empresas brasileiras podem ampliar participação no mercado russo

A Rússia se tornou oficialmente, no final de agosto, o 156º membro da instituição, abrindo a perspectiva de expansão das suas relações comerciais com o mundo. Quando um país adere à OMC, assume uma série de compromissos, como redução de tarifas de importação. Logo, espera-se maior fluxo de comércio exterior –tanto de importação quanto de exportação.

Agora, a expectativa é maior para o crescimento das importações. O poder de compra dos russos cresce junto com o PIB, que em 2011 avançou 4%, para US$ 1,8 trilhão. Mas a oferta de produtos desejados pela nova classe média e alta não acompanha a demanda.

A economia russa é altamente dependente de recursos naturais metade do valor produzido pela indústria vem dos setores de petróleo, metalurgia e química. Há, portanto, carência de bens de consumo, o que é visto como oportunidade para algumas áreas da indústria brasileira.

Para Marcos Lélis, coordenador da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações), as maiores oportunidades para o Brasil estão em produtos procurados por consumidores de alta renda, mais voltados para o mercado de luxo, como joias e calçados, entre outros. “Não estamos falando de competir com os calçados chineses, mas da exportação de produtos de alto padrão.”


Para a gaúcha Piccadilly, a Rússia é um dos mercados internacionais mais promissores. “A Rússia é o nosso terceiro mercado na Europa e pode se tornar o primeiro, pois está numa situação econômica muito melhor do que Portugal e Grécia, que estão nas primeiras posições”, diz Micheline Grings, diretora de exportação da Piccadilly.

Segundo ela, as russas compram calçados com cores vibrantes e estão dispostas a pagar mais pela etiqueta “made in Brazil”.

“O nosso produto não tem competitividade em preço, mas tem valor agregado em moda e conforto”, afirma a executiva. No caso das joias, além do design, as pedras nacionais têm um diferencial no mercado russo, diz Lélis, da Apex.

Com três lojas em Moscou, a H.Stern é uma das empresas brasileiras que tentam conquistar os consumidores da classe A russa. A Apex também aponta os setores de implementos agrícolas e de autopeças como oportunidade para elevar as exportações brasileiras para o novo membro da OMC.
Carnes e açúcar

Embora as perspectivas para as exportações de produtos industrializados para a Rússia sejam boas, os valores são ínfimos se comparados aos das commodities. De janeiro a agosto, o Brasil exportou US$ 15 milhões em calçados para a Rússia e US$ 1,5 milhão em joias e pedras lapidadas. Só a carne bovina chegou a US$ 765 milhões, ou 45 vezes mais que os artigos de luxo. Os três principais produtos vendidos para a Rússia -carne bovina, açúcar e carne suína respondem por 70% da receita de exportação.

Tamanha concentração deixa a balança comercial vulnerável às barreiras sanitárias impostas pelos russos. Neste ano, as exportações são prejudicadas principalmente pelo embargo à carne suína, que provocou retração de 63% nos embarques.

Pedro de Camargo Neto, presidente da associação dos exportadores de suínos, acredita que a entrada da Rússia na OMC pode intimidar a adoção de barreiras sanitárias. “Mas não haverá mudança rápida e drástica”, diz.

Pão de queijo e frutas

Pão de queijo e frutas tropicais são os produtos que consumidores russos familiarizados com coisas brasileiras gostariam de ver nas prateleiras russas. Na pesquisa feita pelo consultor de comércio bilateral Sérgio Lessa, também aparecem os cosméticos naturais. Das frutas brasileiras apreciadas por esses consumidores, apenas mamão “gold” e manga “gold” são exportados para lá em quantidades significativas. As demais provêm de outros países. Por exemplo, a carambola vem da Malásia e a banana é proveniente da América Central. Entretanto, uma única empresária russa está fazendo sucesso com a importação de açaí.

Das Agências
Publicado em Export News: http://www.exportnews.com.br/2012/10/empresas-brasileiras-podem-ampliar-participacao-no-mercado-russo/#more-3452

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